sábado, 24 de outubro de 2009

o apocalipse de rogê

No dia da última grande fadiga, no último esforço da bastarda raça, rompeu-se o ceú acima dos homens.

Ao se deparar com a repentina desanuviação dos céus, sôfrega, a humanidade banhou-se em lágrimas exaltadas e comovidas, prostrando-se sobre os próprios joelhos. Neste sentimento sublime residia a Soberana Verdade: abatera-se, enfim, a Redenção.

O Inominável finalmente fizera-se ver, e num clareamento geral das coisas acima de nós, compreendeu-se o Supremo. Subitamente, como que ululante, o Grande Onipresente fora enfim nomeado.

Em primeiro lugar, deflorou-se por toda a humanidade um sentimento de delícia imensurável, e, às custas de todos os cinco sentidos elevados à percepções coruscantes e radicais, o júbilo fez desfalecer os primeiros frágeis homens.

Em segundo, já tendo vindo o primeiro grande enxame de esclarecimento, deflagrados os únicos meios de percepção humana à escalas extremas, as sensações estavam abertas para a próxima onda da Grande Ordem.

E então, vivificou-se à mente de cada um, um Plano Geral do traçado do Pedregoso Caminho Humano, no qual esquematizavam-se todas as bárbaries mais cruéis e todas as dilacerações carregadas de horror, como parte essencial do imenso e tremendo Plano Misterioso, contrapondo às felicidades primeiras do homem a fim de completar a Missão Final com um conhecimento total das coisas como são.

Tendo sido explicadas as questões mais cruéis e desgastantes, e ficando todas essas plenamente justificadas nos Carmas de cada um, enfim, extraiu-se a mágoa do peito dos injustiçados. Comovidos copiosamente, os ímpios e, por conseguinte suas falanges, também foram enfim privados do incessante sofrimento de suas próprias consciências. Declarando o Perdão Maior, por fim, dissolveu-se a perfídia.

Ao final, após à concepção desmedida da maior satisfação dos sentidos do Homem, seguida do pleno prazer do entendimento racional, veio a Última Lição.

Assim, um a um, explodiram-se todos os corpos físicos, de todos os homens, mulheres, crianças, animais selvagens e domésticos, plantas e por último, das pedras, mineirais e das coisas restantes. A fim de proporcionar ao conhecimento sensitivo psico-físico humano a última e Justa Dor que haveriam de sentir.

Completas as maiores ordens da Fonte Criadora, extintos os corpos, as sensações e os raciocínios, fruto da grande implosão sensitiva e racional, somada ao fim exercável de toda a Massa física, todas as consciências uniram-se numa só Origem.

Esgotou-se assim a individualidade, a Soberana Verdade reinou e todos voltaram ao princípio, à Casa, à Fonte estando pois, finalmente completos.

Todo o em seguida foi intraduzível.

Rogê

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